O
Brasil é tradicionalmente berço
de grandes intérpretes femininas. O coração
latino é tocado principalmente pela dramaturgia.
O público brasileiro, apaixonado e passional,
exige a performance cênica durante a execução
de uma obra musical popular.
Não
basta uma bela voz. Não basta uma grande
música. É preciso poesia e uma
exuberante interpretação para
convencer através do ato cênico,
seja a gargalhada ou a lágrima dessa
platéia. A narrativa dos olhos; a versatilidade
da voz; a expressão do corpo e principalmente
o envolvimento emocional com a obra interpretada
são fatores de máxima exigência
para a construção de uma carreira
vitoriosa.
É
alguma coisa que por mais que a tecnologia avance,
não consegue através das teclas,
visores e memórias dos computadores.
Esvai-se da alma que encarna o corpo e lança-se
em forma de luz sonora pelas cordas vocais.
Não é inventada pelo homem. É
criação divina. São chips
do computador celestial.
Deus
simplesmente batiza seus disquetes: Dalva de
Oliveira, Dolores Duran, Elizeth Cardoso, Fátima
Guedes, Ângela Maria, Maysa, Clara Nunes,
Nana Caymmi, Maria Bethania, Elis Regina, Gal
Costa e TELMA TAVARES.
TELMA! O
nome mistura-se num físico de brasilidade
e vigor que deslumbra e surpreende quem ouve
a dona da voz. Essa mesma voz que preenche o
espaço de treze faixas de um CD corajoso
e autêntico como o Brasil que resolveu
cantar.
O
outono de 2001 não foi para essa mulher
somente uma estação de dias cristalinos
e noites belíssimas, mas de intenso e
exaustivo trabalho nos estúdios da Rádio
Mec do Rio de Janeiro. Unida a um grupo de músicos
da mais alta competência, sob as batutas
de Leandro Braga, Carlos Malta, Cláudio
Jorge, Maurício Einhorn, Hermeto Pascoal
realizam um dois mais bonitos discos de MPB
dos últimos anos.
O encantamento da obra apaixonou um encantado.
Um mago da poesia. Um Francisco, que mesmo não
sendo de Assis, mas de Hollanda, cuida dos sabiás
e reconhece quando um trinado enfeitiça
um mortal. Ouviu TELMA
comoveu-se e aceitou o convite para participar
do CD.
Os deuses são exigentes e por assim constituirem-se,
cumpliciam-se somente com as deusas. Sérgio
Ricardo criador de Zelão
certamente dirá ter ouvido sua obra interpretada
por dois seres do Olimpo. TELMA
TAVARES, essa nova diva da música
brasileira estará traduzindo, ainda esse
ano, para essa platéia exigente e comovida
toda a magnitude no templo da arte: o palco.
Paulo César
Feital
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